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[RESENHA] O TERRORISTA DE BERKELEY, CALIFÓRNIA - PEPETELA

Sinopse: E ele gostava de ficar sentado algum tempo, encostado a um tronco, olhando a enorme baía em toda a sua extensão e pensando na vida. Por vezes conversava com um esquilo mais atrevido que vinha lhe pedir comida, entrevistava bandos de codornizes, cada vez mais raras, é preciso que se diga, ou até descobria alguma esquiva corça. E entendia naquela paz, com barulho dos carros e das cidades muito lá ao longe, o contraste profundo de sua terra representado pela visão de abertura e progressista de ponte Golden Gate ao fundo da baía, de onde só uma vez tinham escapado dois ou três presos, tão monstruosamente concebida fora. A Golden Gate e Alcatraz tinham sido realizados pelo mesmo povo, o seu.
A ideia nasceu aí, num desses momentos em que havia algumas nuvens cinzentas e tristonhas, quando de repente o sol irrompeu pelo meio delas, azulou o mar e enverdeceu as colinas. Alcatraz brilhou subitamente no meio do azul e parecia ameaça. Com o sol, a ideia, o raio, o trovão. Sim ia arranjar um correspondente na internet a quem contar os seus pensamentos mais íntimos. Mas tudo fechado a sete chaves de olhos indiscretos e persecutórios.

PEPETELA 115pp DOM QUIXOTE 2007 

Pepetela, uma das figuras representantes da literatura angolana, senão mesmo a maior figura que representa a literatura angola. O grande autor de romances históricos reconhecido com o Prémio Camões 1997, brinda-nos com um livro de linguagem pouco fora da que nos acostumou em seus livros – O uso de nomes nacionais. Um livro simples de interpretá-lo.
O livro O Terrorista de Berkeley, Califórnia narra a história de uma figura solitária, Larry. Que era um jovem dotado de poder activo. Pois com notas altas tinha terminado o mestrado numa das faculdades que não admitem qualquer um estudante. Faltava defender o trabalho final. Nancy, uma de suas professoras mais simpática, a que orientava sua tese, tinha-lhe sugerido fazer imediatamente o doutoramento e que, quanto ao apoio financeiro ela poderia desviar dos fundos da Universidade da Califórnia ou Cal como era conhecida. Larry pouco pensava nisso. Para ele, seria apenas certificado de enfeites e tinha muito para descobrir. Apaixonado pela velha matemática e pela informática, ambas áreas de sua formação, sua única linguagem eram as equações. É muito comum as pessoas que muito bem estudam e têm óptimas notas serem tão solitárias. Pois Larry não passava desse tipo. A sua esbelta namorada estudante de Sociologia da mesma Universidade entendia-lhe pouco porque falavam línguas diferentes. Soraya é mais voltada em problemas sociais e matemática é fora de questão, assim como Larry que pouco se importava com a sociologia. Chegaram a terminar quando Larry a encontrou num envolvimento sexual com a sua colega de quarto. Que estranho não é? Opções sexuais. Para Larry isso não foi problema. O problema foi a traição que para ele é imperdoável.

Larry tinha um amigo morador de Rua, Tom, um afro-americano que passou a chamar-lhe de seu filho branco.
Larry tinha muito para desabafar. A namorada, as ideias de mandar foder o mundo todo criando uma bomba, mas não tinha com quem desabafar. E o Tom?! Há conversas que não têm a ver com os pais.
Decidiu então chamar-se por Tomson. Sem ninguém para desabafar sobre suas ideias criou um correio electrónico seguro para Tomson com quem passou a conversar. Já tinha defendido o seu trabalho final. Os serviços secretos estão sempre atentos na internet quando nas conversas dos internautas aparece as palavras bomba, explosivo, Al Qaeda, Asnobush ou Bin Laden. Larry, decidiu então deixar de enviar emails com tais palavras a partir do computador pessoal e passou a enviá-los pelos computadores da Universidade e não mais para Tomson. Agora para Brad. Era uma dor de cabeça na informática e por consequências ninguém conseguia entrar no seu email. Mais tarde as conversas eram de colocar as bombas em lugares especiais como à ponte Golden Gate. Larry e Brad só não davam conta de que no governo já havia uma equipa em investigações que até preocupou a central. É uma linda novela para quem é apaixonado por personagens esquisitas e solitárias. No entanto só não gostei de como a história terminou. Chegou ao fim com a morte do tão admirado até mesmo pelo decano da Cal. A morte de Larry. Mas ainda assim quero vos sugerir a dar uma boa lida nessa novela e terão mais detalhes ainda.


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