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A TRAGÉDIA NA PÁSCOA


O medo já não tinha lugar em mim, o vácuo que se encontrara cá, preencheu-se com a vingança.
Eu ia às pressas. O clima estava tão fresco que se ele ficaria a saber que eu me encontrava  em sua frente, o seu mundo aqueceria em segundos.
Havia tanta enchente nas ruas, famílias em andamento, outros em carros. Era um dia santo que estava prestes a tornar-se macabro.
Duas armas estavam na cintura. O casaco preto ocultava o meu rosto que há anos se mostrava ser gemebundo, mas neste dia estava decidido criar o tumulto que nunca havia acontecido numa época como esta.
Anos antes.

A minha família era dona de um vasto espaço de terreno, que muitos investidores estrangeiros chegavam com propostas assustadoras mas o meu pai não deixava ser convencido porque tinha um projecto futuro para os seus futuros filhos.
Eu tinha cinco anos de idade e era filho único.
Várias vezes um padre chegou a acrescentar os preços para a compra mas os meus pais não deixavam que lhes tirassem as terras.
O padre tinha um projecto em pensamento que na realidade seria fértil naquela terra.
Depois de tantos meses, mas ninguém vinha.
Eu em brincadeiras com os amigos, via os pais correndo para tirar os filhos e levá-los depressa para dentro de casa. Crianças como eu em gritos fortes chorando mas eu parado naquele tumulto querendo perceber do que se estava a passar. Ouvia pisos de cavalos e tiros pelo ar, gritos de pais e mães.

A minha mãe em Azáfama tirou-me e correu para dentro. Trancou a porta. Chegou uns homens batendo a porta desrespeitadamente. O meu pai saiu e encostou a porta.
Nós de dentro Ouvíamos eles nas discussões.
— Nós lutamos para conseguir essas terras, como do nada me insistes que devemos-lhes a ti?! — Alterou-se meu pai.
Depois dessas palavras ouvimos dois tiros.  — Ponham-o no saco. — Disseram.
— Não!— Minha mãe deixou-me dentro e fora p'ra lá.
Abri a porta espreitando, e estavam homens armados juntos do padre. As casas estavam todas derrubadas.
Meu pai no chão abraçado pela minha mãe chorando.
— Tirem ela daí — Disse o padre.
— Não, não — Dizia ela chorando.
Os homens, brutalmente tiraram ela de cima e foram-se junto com ele. Eu sempre espreitando, enquanto a minha no chão chorando lágrimas secas.
Após alguns instantes, caminhões de contentores vinham, todos foram colocados lá incluído nós. Tudo fechado. Não víamos para onde éramos levados.
Depois desta enorme viagem abriram os contentores. Era uma área de muito lodo.
As nossas coisas chegaram mais tarde. Começamos a construir mesmo aí.
Vivemos anos, alguns foram fazendo família e outros foram crescendo. Havia um tempo que esquecemos do que havia se passado. Mas um desses dias me reuni com os outros da minha época. Nos preparamos para vingança.
Assistíamos sempre à tv e o programa cristã era numa igreja no nosso antigo bairro. Aquela igreja era o centro.

O mesmo padre que há anos distruiu-nos, é o mesmo que dirigia o culto da igreja. Foi anunciado a semana  Santa e o dia em que todos os caminhos  dariam àquele local.
Naquele exacto momento o caminho era direito à igreja. Todos nós que no passado éramos inocentes. Agora estavamos a ir vingar-nos do que no passado sofremos por eles.
Apenas sete pessoas foi suficiente para o tumulto na igreja.
O culto era dos maiores. Havia bombeiros, polícias em todo lado para garantirem a segurança dos crentes.
Entramos na igreja e lá no altar estava o padre. Para não nos acharem excêntricos, mostramos o samblante livre de vingança.
— O bairro está bonito. — Disse um de nós.
— Está mesmo. — Concordei.
— Dois na porta. Outros dois, um no meio do banco da lateral direita e outro na esquerda. — Ordenei.
No momento oportuno, outros dois lançaram gás lacrimogénio e logo em seguida criou-se um tumulto. No meio daquela fumaça apareci a um metro de distância do padre.
Pessoas saiam correndo para fora da igreja. Era tanta enchente que alguns eram pisoteados.
O Padre fitou-me nos olhos e eu o mesmo. Fitamo-nos por dois minutos.
— Você! — Após ter-me reconhecido, disse espantado.
— Tu és o garoto...— Continuou. — Oh misercódia!
Tirei a arma e apontei-lhe.
— Não, não! — Instantes de medo, arrependia-se. Foi o mesmo não que a minha mãe gritou à morte do meu pai.
A igreja já estava vazia.
— Saiam todos e se misturem ao povo. — Ordenei aos meus homens e lá se foram. Ouvia o som do automóvel da polícia aconchegando-se. Agora só estavamos nós os dois.
Manipulei a arma e dei ao padre.
Sem entender, segurou-a e apontou-me. Eu estava disprevinido com as mãos no ar.
— É vingança? Morrerás do mesmo jeito que eu matei o seu pai. — Disse.
Logo a polícia entrou armada. Nós no altar, a polícia na entrada da porta, sem mais dar um passo, ordenou um deles:
— Larga a arma! Larga a arma, senhor.
O padre nada entendia. Arma apontada em mim e não querendo ouvir a polícia. Foi tudo muito rápido. Apertou o gatilho e não havia bala. Logo que os policiais notaram que apertou o gatilho, dispararam e fiquei logo me deitei no chão.
Padre caído no chão, todo esburacado. Vingança feita.

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